segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Leituras e leituras



Já faz três semanas que terminei de ler o livro "O caçador de pipas", do autor Khaled Hosseini.
Gostei do livro, pois trata de vários sentimentos: amizade, preconceito, orgulho, medo, arrependimento.
Confesso que chorei em algumas passagens. Teve uma que me deixou muito sensibilizada, que é quando Ali, o empregado, entrega o presente de aniversário para Amir, o menino rico filho do patrão. Essa passagem, para mim, me fez chorar porque tem uma carga emocional muito forte. Teve outras, também, mas não quero falar disso agora.
O que eu quero falar é que mesmo sendo um bom livro, ele não me arrebateu. Quero dizer que não me causou um grande impacto como, por exemplo, duas obras que eu li a algum tempo atrás.
Respeito o gosto dos outros leitores de "O caçador de pipas", pois muitos o colocam como o livro da sua vida. E devem ter motivo para isso ! Digo mais uma vez: respeito a opinião desses leitores.
Mas pra mim, tem coisas que me deixaram "furiosa" nesse livro. Tem um personagem que eu não consegui pegar simpatia. Não consegui ver algum progresso nele, do início ao fim.
Mas hoje conversando com uma amiga, que leu o livro, ficamos conversando a respeito disso, e ela me disse algo que é certo: Tem coisas que muitas vezes não conseguimos mudar em nós mesmos. Por mais que tentamos, muitas vezes, fraquejamos na tentativa.
Talvez essas falhas já sejam inatas em nós ???? Todos nós somos seres passíveis de erros. E muitas vezes, insistimos nele ...
É, continuo a pensar nisso e no personagem que não simpatizei !!!!
Agora, quero ir no cinema assistir ao filme. É claro, que é mais sintetizado, mas quero ver os personagens materializados na película !
Bom, mas aproveitando o ensejo, vou falar de dois livros que me arrebateram e me deixaram até deprê por uns bons dias ...
A primeira experiência foi com a obra prima da literatura universal: Dom Casmurro, do gênio Machado de Assis.
Lembro quando li pela primeira vez ... Nossa, quando li o final, parecia que o meu peito estava comprimido por uma bigorna de umas 10 toneladas. Fui para a janela, e o dia estava chuvoso. Eu queria ar ! Ficava pensando se a Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Ficava pensando na angústia de Bentinho ao desconfiar da "traição" da sua mulher. O destino dela e do filho deles. A amizade de Bentinho e Escobar. Quantas indagações !!!! Fiquei quase uma semana deprê, pensando naquele homem, naquela mulher, e no filho, que seria de Bentinho ou Escobar (o "Ricardão" (???) da história).
Mas isso fez com que eu sentisse o poder da literatura. E depois do efeito, fiquei mais apaixonada por Machado de Assis.
E o outro autor que me deixou também apaixonada, foi o também grande gênio, o escritor irlandês James Joyce.
Uau !!!! Esse foi outro que me alucinou !!!!!
Quando li "Dublinenses", pensei que iria ler um livro de contos, mas não pensava que esse livro iria me inspirar em tanta coisa na minha vida.
A cada conto, parecia que Joyce me batia no rosto. Mas eu insistia ... até que li mais um conto e não agüentei mais. Não queria mais saber de lê-lo. Ele estava falando de sentimentos pelos quais estava passando naquele momento. Parecia que eu tinha acabado de falar com ele, e o meu relato estava ali, pra todo mundo ler !!!!!
Larguei o livro, e disse que não o pegaria mais. Achei um desaforo ele ter escrito aqueles contos.
Mas, um amigo meu, disse assim: "Carla, leia mais um conto. Leia "Os mortos". Daí eu disse: "O que ?? Se dos vivos ele fala assim, imagina dos mortos". Mas ele insistiu, dizendo que eu iria gostar desse conto. Se eu não gostasse, não precisava mais voltar a lê-lo. E lá fui eu atrás do meu exemplar de "Dublinenses".
Li, fazendo cara feia ... O personagem Gabriel me envolveu ... fiquei imaginando aquela sala com os convidados pra Ceia ... A chegada de Gabriel e a esposa Gretta no hotel ... A canção que ela recorda ... A neve caindo sobre Dublin.
James Joyce !!! Ok, você venceu !!!! Me senti amparada e tendo um longo e forte abraço e tendo em mente que eu tinha passado pelo rito de passagem. Virei uma joycista !!!!!!
Aliás, esse conto foi filmado por John Huston, e chama-se "Os vivos e os mortos" (The dead).
Hoje, amo a literatura de Joyce. Tanto, que no ano passado, participei do Bloomsday em Santa Maria, festa literária em homenagem ao livro Ulisses. Essa festa ocorre em várias partes do mundo no dia 16 de junho.

Enfim ... Pra cada livro uma interpretação e uma emoção !!!!
E pra ti, caro(a) leitor(a), qual o livro que marcou a tua vida ???

Um comentário:

cris disse...

Oi carlinha! Não vou fazer um comentário e sim te sugerir um filme, se é que não assististes ainda... é um filme brasileiro intitulado "Dom", com a Maria Fernanda Cândido, o Marcos Palmeira e o... não lembro o nome daquele bonitinho. É um filme inspirado em Dom Casmurro, numa visão mais atual. Eu gostei muito.
Abraço da Andréa